sábado, 23 de maio de 1998

Viana do Castelo - 1º Seminário de Bombeiros-Mergulhadores

Decorreu nos dias 23 e 24 de Maio de 1998, o 1º Seminário Nacional de Bombeiros-Mergulhadores, numa organização da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Viana do Castelo.

Com o objectivo de contribuir para um aperfeiçoamento das técnicas de mergulho e consequente eficácia em operações de resgate, bem como fazer uma análise exaustiva sobre a actividade do Bombeiro-Mergulhador. Neste seminário foram debatidos temas tão importantes como sejam;

- “Limites de segurança no mergulho”; “Busca e Salvamento”; “Fisiologia do mergulho” e “Novas tecnologias aplicadas ao mergulho”.

Os Bombeiros de Tomar, à semelhança de muitos corpos de Bombeiros do País, estiveram presentes neste evento, tendo mesmo dois dos seus elementos se evidenciado numa prova de Apneia (realizada paralelamente ao Seminário), obtendo dois magnificos 1.º e 4.º Lugares, numa prova bastante concorrida e onde foram classificados apenas os primeiros dez.

No final do Seminário foi elaborado um relatório a enviar à E.N.B. (Escola Nacional de Bombeiros) e ao S.N.B. (Serviço Nacional de Bombeiros), com as conclusões do mesmo, das quais destacamos como principal, a “exigência” da criação de um curso específico para Bombeiro-Mergulhador.

O curso dado actualmente a um Bombeiro-Mergulhador é essencialmente um curso igual ao que é dado a um Mergulhador Amador que o faz para a prática de um desporto ou com lazer.

Mas a missão do Bombeiro-Mergulhador não se compadece com os objectivos básicos de um mergulho de lazer, algumas das suas missões têm como intuito a busca e recuperação de bens e náufragos, mesmo nas condições mais adversas; zonas com fortes correntes, águas turvas, fundos de lodo, poços e túneis são apenas alguns dos obstáculos com que se deparam frequentemente. Nestas situações o maior risco deve-se à péssima visibilidade da água, ao lodo existente junto ao fundo, onde os seus contornos irregulares escondem todo o tipo de obstáculos (árvores e cabos abandonados, por exemplo), onde o mergulhador pode ficar preso.

Assim, perante este cenário, a perigosidade inerente ao trabalho de um Bombeiro-Mergulhador afigura-se como uma descida ao abismo; muito longe de um passeio num recife de coral.

Outros riscos inerentes à actividade são, o estar sujeito a respirar oxigénio a pressões parciais mais elevadas que a da atmosfera, o que acentua a taxa de morbilidade das células, bem como respirar nas mesmas condições gases inertes que poderão dar origem a alterações dos tecidos ósseos.

Fazem ainda parte das missões habitualmente executadas pelos Bombeiros-Mergulhadores o apoio a provas desportivas e a colaboração em operações de limpeza e reparações em embarcações e instalações subaquáticas.


Victor Ventura, Paulo Silva e Paulo Freitas

quarta-feira, 8 de abril de 1998

Reunião de Bombeiros-Mergulhadores

Nota: Introdução feita aos colegas, numa altura de descontentamento pela inércia do Núcleo de Mergulho.

"Esta reunião de Bombeiros-Mergulhadores foi convocada por mim, não como um acto individual, mas porque decidi eu próprio ser o rosto visível do descontentamento e preocupação manifestado por muitos de nós aqui presentes, sobre a actual situação do nosso núcleo de mergulho.
Queria desde já deixar bem claro que não quero qualquer espécie de protagonismo e que este é o meu último esforço para que (no meu intender) o núcleo funcione melhor.
O objectivo que se propõe alcançar com esta reunião é tão simplesmente evitar que se vá para a reunião Segunda-feira com o Comandante, sem sabermos o que queremos para o nosso núcleo, bem como evitar que se anda a divagar, com um a queixar-se disto, outro a queixar-se daquilo, etc.
Se entre todos chegarmos a um acordo sobre como gostaríamos que o nosso núcleo funcionasse, basta então na Segunda-feira chegarmos ao Comdt e apresentarmos as nossas ideias e sabermos então da sua receptividade para as mesmas".

Tomar, 08 de Abril de 1998

Ideias propostas pelo Bombeiro-Mergulhador Paulo Silva

- Dado que ninguém (?) aqui teve instrução sobre busca, devia-se contactar com um sapador-mergulhador ou um elemento da marinha para que num fim-de-semana se deslocasse a Tomar para nos dar instrução sobre essa matéria.
- Como incentivo implementar o cartão de Bombeiro-Mergulhador.
- Elaborar uma escala mensal de serviço de Bombeiros-Mergulhadores (esta ideia foi-me dada por um Bombeiro nosso colega que nem é mergulhador). A ideia é a seguinte: Em qualquer altura que os meios presentes no quartel (entre os que cá trabalham e os que por ventura voluntariamente estejam no mesmo disponíveis) não possam responder ás necessidades, o responsável na altura no quartel deverá ter uma escala que lhe diga que naquele dia ou naquela semana estão de serviço os elementos X, Y, Z. Desta forma evitasse que por exemplo sejam sempre os mesmos a serem chamados e só assim se poderá saber com quem efectivamente podemos contar.
* Remodelação do núcleo.
* Pintura em Azul-marinho das paredes.
* Pintura em Azul-escuro da porta.
*Armários pequenos (tipo cofre), onde cada um colocaria o Champô, toalha, desodorizante, sabonete, chinelos, escova, etc.
* Armários Grandes (1 para cada um preferencialmente, ou um para cada dois, um esteja um equipamento completo)
*Chão ladrilhado com tapetes de plástico como têm os chuveiros.
- Aquisição de material necessário para a prática do mergulho por todos de igual forma e com toda a máxima segurança exigível. Inclui-se aqui pelo menos um computador de mergulho.
- Adquirir, com recurso ou não a patrocinador, de T-shirts e fatos de treino para os Bombeiros-Mergulhadores. Fazer outras para venda ao exterior.
- Fazer um sorteio para obtermos fundos.
- Pedir à Liga dos Amigos por intermédio do Comdt de financiamento de algum equipamento ou mesmo comparticipação para aquisição de uma nova viatura para serviço do núcleo.
- Promover Mergulhos por muitos designados como recreativos, mas que mais não são do que um treino diferente. Se, se fazem excursões à serra da estrela sem qualquer utilidade para os Bombeiros, a não ser de ordem social, os mergulhos dito recreativos aliam a isso o treino para a nossa actividade.
- Como um incentivo, serem disponibilizadas verbas para empréstimo aos Bombeiros-Mergulhadores que queiram adquirir para uso particular material de mergulho. Por exemplo um indivíduo deseja obter um computador de mergulho para uso pessoal, mas não dispõe por exemplo de 200 contos para a sua aquisição. O C.B. através da sua caixa de socorros ou de outro fundo, emprestaria em condições vantajosas essa verba, que seria paga em prestações a acordar conforme os casos.
- Divulgação pelos mergulhadores através de circular de qualquer acção de formação/Curso proposto ao C.B. de Tomar e no âmbito deste núcleo (Ex. Curso para mergulhador profissional, curso de nadador-salvador, condutores de Hovercraft, etc).
- Envidar esforços a quando da aquisição de material, junto da firma vendedora, no sentido de a mesma patrocinar equipamentos (vulgo, fato de treino) para uso dos Bombeiros-Mergulhadores e/ou solicitar-lhes a contribuição com T-shirts para os Bombeiros-Mergulhadores e não para quem por ventura acompanhar na compra do material em causa.
- Inventário do material afecto ao núcleo.
- Cumprimento do registo nas folhas feitas para a gestão do núcleo.

Decidido na reunião informal de 08 de Abril de 1998
- Exames médicos obrigatórios (Quem não os tiver e até os ter, deixa de poder mergulhar).
- Distribuição do material - Um equipamento para cada dois mergulhadores (um que mergulhe mais habitualmente com outro que mergulhe menos).
- Distribuição do material - Do tipo de material que chega para todos fazer a sua distribuição (Ex; cintos, chumbos, tubos, fatos, etc.) .
- Treinos regulares desde já marcados dois por mês, sendo o primeiro de cada mês realizado no Sábado da 2ª semana e o segundo marcado para o Domingo da 4ª semana.
- Resolução da perigosa situação do quadro eléctrico que se encontra no núcleo.
-Sempre que um grupo de mergulhadores queira fazer um treino fora dos treinos programados, pode fazê-lo, dando antecipadamente disso conhecimento ao responsável do núcleo.

domingo, 13 de julho de 1997

Vila Real de Santo António - 2º Encontro de Bombeiros Mergulhadores

Nota: Relatório do entregue ao Sr. Comandante


2º Encontro de Bombeiros Mergulhadores

A Baia de Monte Gordo, serviu de cenário, no passado dia 13 de Julho, para o 2º Encontro de Bombeiros Mergulhadores.

O Encontro foi promovido pela Inspecção Regional de Bombeiros do Algarve e teve a colaboração dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António e o patrocínio de firmas ligadas à especialidade, tendo a parte técnica estado a cargo da equipa chefiada pelo senhor Bessone Bastos.

Este Encontro, reuniu cerca de 150 mergulhadores, Comandantes, Directores e outros responsáveis de 35 Associações e Corpos de Bombeiros, totalizando quase duas centenas de pessoas, e tal como o primeiro teve o intuito de permitir uma permanente actualização de conhecimentos.

Passamos a descrever o que no referido Encontro se passou.

Às 8 horas, fez-se a concentração dos participantes no quartel-sede dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António. Meia hora mais tarde, foi feita a abertura do Encontro. Um responsável da organização apresentou cumprimentos de boas vindas aos participantes convidados e acompanhantes, saudando-os em nome, da Associação dos Bombeiros Vila-realenses e desejando a todos, em breves palavras, um bom dia e um frutuoso mergulho.

O Inspector Regional de Bombeiros do Algarve, Sr. João Lima Cascada, fez uma palestra, tecendo considerações sobre a modalidade e pondo em evidência os respectivos riscos. Por sua vez, o Mestre Bessone Bastos, deteve-se na explicação exaustiva dos procedimentos que os mergulhadores devem ter na sua relação com a água e meio ambiente.

Às 9 horas, embarcações, viaturas e guarnições, dirigiram-se para a doca de Vila Real de Santo António, de onde, pouco depois, partiram para os locais do mergulho, previamente demarcado.
Entretanto, uma embarcação de maior calado transportou Directores, Comandantes, convidados e acompanhantes, para apreciarem, a curta distância todo o planeamento das acções dos mergulhadores em pleno mar, na imponente Baía de Monte Gordo.

Mais tarde, à saída da barra, já em pleno Oceano Atlântico, devido ao grande número de mergulhadores, foi criado um triângulo subaquático, onde foram feitos os mergulhos, cujo 1º vértice ficou situado na "Pedra de CaceIa", local. que fica em frente da fortaleza de Cacela Velha, onde se pode apreciar fauna e flora abundantes, com uma profundidade de cerca de 15 metros e com boa visibilidade, factos que deixaram o primeiro grupo francamente satisfeito.

O 2º vértice do triângulo, foi na "Torre ao Alto", com maior profundidade (cerca de 18 metros), também em pleno Oceano, frente à Praia Verde, igualmente com fauna e flora abundantes, o que também deixou este 2º grupo de mergulhadores plenamente satisfeito.

O 3º vértice ficou situado também em zona marítima, onde as águas atingem a profundidade de cerca de 20 metros e em cujo fundo existem restos de embarcações naufragadas, que deram origem à fixação, no local, de variadas e abundantes espécies da fauna marítima.

Terminado este mergulho, todas as embarcações que se situavam na "Pedra de Cacela" rumaram a nascente, para se encontrarem com os mergulhadores que fizeram o seu mergulho na posição 2, continuando os dois grupos para nascente, para a posição 3, juntando-se aos mergulhadores deste grupo preparando-se para a viagem de regresso.

Estavam terminadas as acções no mar; mergulhadores e respectivas embarcações iniciaram então o regresso, o qual decorreu sem incidentes.

Estávamos próximos das 16 horas quando voltámos a pisar terra.

Foi um dia diferente, tanto para os mergulhadores como para os convidados e acompanhantes, digno de ser vivido por quem ama a natureza, dada a exuberância e fascínio quer da paisagem da superfície das águas quer dos fundos marítimos visitados.

Às 17 horas, foi servido um almoço, que serviu de pretexto para confraternizar no Hotel dos Navegadores, em Monte Gordo, tendo sido feita a entrega de um troféu comemorativo do evento aos representantes de todas as Associações e Corpo de Bombeiros presentes, e oferecido a todos os participantes um medalhão do 107º aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António.

Usou da palavra o Comandante Sérgio Marques Batista, que disse:" Se demos esta manhã as Boas Vindas, agora cumpre-nos o dever de desejar Bom Regresso, fazendo votos de que a actividade hoje desenvolvida, tenha atingido os níveis preconizados por todos vós, A Associação dos Bombeiros Voluntários de Vila Real de Santo António, agradece a todos a vossa visita, congratulando-se pelo facto de terem tomado parte neste "2º Encontro de Mergulhadores dos Bombeiros no Algarve, na Bala de Monte Gordo ".

O Mestre Bessone Bastos, em breve intervenção, agradeceu e congratulou-se com o êxito da realização, formulando votos de que outros encontros se realizem. Lembrou ainda a todos, que mergulhem com segurança, pois o mar é de facto um espaço maravilhoso mas possui muitos riscos, que todos devem acautelar.

A finalizar, o Inspector Regional de Bombeiros do Algarve, Sr. João Lima Cascada, agradeceu o interesse manifestado por este 2º Encontro na Bala de Monte Gordo e preconizou a realização de novos encontros, tendo-se manifestado satisfeito por este evento ter atingido os níveis previstos, quer em quantidade quer em qualidade.